É sob o olhar vigilante da padroeira de Coimbra, a Rainha Santa que transformou pão em rosas, que assentou arraiais o “Rosa Pão”, restaurante modesto em número de lugares, mas enorme na vontade de mostrar que Coimbra merece uma cozinha paciente é dedicada.

A sala, decorada em tons claros, entre brancos, pastel e cetim esverdeado, induz-nos conforto, logo confirmado pelas cadeiras e cuidada amesendação dos guardanapos de pano e os copos a sugerir que, ali, os vinhos não serão filhos pródigos da casa.

Com um serviço de máxima eficiência, ou não fosse o mentor desta casa, Paulo Pechorro, quem comanda os destinos da sala, ao cliente é servido poucos segundos após se acomodar um espumante de cortesia, recaindo a escolha no dia da visita no Quinta do Poço do Lobo Arinto/Chardonnay, das Caves São João. A acompanhar, há um conjunto de entradas que nos acalentam o estômago – Salada de Ovas, Pataniscas, Marinada de Pimentos e Peixinhos da Horta. Contudo, as escolhas para este intróito comensal podem ainda passar pela Sopa de Tomate com Ovo Escalfado, Creme de Coentros com lascas de Bacalhau, Morcela de Arroz com Grelos, Pézinhos de Coentrada ou Portobello recheado com Alheira e Queijo Rabaçal.

Nas ofertas do mar, sugerem-nos o Polvo Assado com Legumes salteados, Filetes de Peixe Galo com Arroz de Tomate, Arroz de Línguas de Bacalhau e, provado no dia, uma majestosa e confeccionada com mestria Açorda de Bacalhau com Coentros.

Nas Carnes, o Rosa Pão não se quedou pela vulgaridade e brinda-nos com pratos originais, alguns deles verdadeiras referências da culinária nacional, como são o Rabo de Boi em vinho tinto, Iscas de Fígado com Migas Beirãs, Lombinho de Porco com Amêijoas à Bulhão Pato, Língua de Vaca estufada, Vazia de Vitela com Batata Ponte Nova e Molho Madeira e, servido no dia, um caldoso e cremoso Arroz de Costelinhas com Miscaros.

A proximidade conventual obriga a não descurar a doçaria que, ali, se conjuga entre o Abade de Priscos com Gelado de Limão, Farófias, Leite Creme e Crumble de Canela, Panacotta de Frutos Silvestres, Queijo da Serra, Doce de Abóbora e Amêndoa Torrada. Para além de um sortido de gelados e Misto de Frutas laminadas,  é-nos ainda servida uma pantagruélica Tarte de Chocolate com Gelado de Leite Condensado.

A Carta de Vinhos é ambiciosa, e nela pontificam 27 brancos, 27 tintos, 5 espumantes, 3 rosés e 1 Champagne, com natural piscar de olho à Bairrada, muito bem representada, por sinal.

Com preços absolutamente justos e adequados, o “Rosa Pão”, mesmo situando-se na extremidade do circuito mais turístico da cidade, possui todas as condições para fazer parte do roteiro gastronómico da região, merecendo uma peregrinação solitária ou em pequenos grupos, com a certeza que a alma e o corpo dali sairão mais ricos.