Parente de castas francesas menos reconhecidas, a Syrah só conhece a sua glória nos anos 80 quando Robert Parker (Wine Advocate) descobre a potencialidade e qualidade dos vinhos elaborados a partir desta casta, equiparando os tintos de Côte-Rotie e Hermitage aos grandiosos Bordeaux e Borgonha. Na mesma altura, os vinhos de Barossa Valley (Austrália), encorpados, sedosos e com fruta bem presente começaram a ser descobertos e apreciados, fidelizando consumidores pelo mundo fora.

A partir daí, a Syrah desperta a curiosidade dos produtores e enólogos em várias latitudes e a sua plantação cresce exponencialmente. Portugal não foi excepção e,  já nos anos 90, o que começou por experiências residuais, foi crescendo e, actualmente, ocupa uma área de 5.295 hectares e está entre as 10 castas tintas mais plantadas em Portugal, ganhando maior preponderância no Alentejo, onde já é a 4ª casta com maior área plantada.

Para compreendermos o que fascina nesta casta, trago-vos hoje o PLÁTANOS SYRAH TINTO 2013, da Quinta dos Plátanos, Região Vitivinícola  de Lisboa, com denominação de Origem de Alenquer, vinho que mostra uma multidimensionalidade que o torna um vinho, sem modéstia, absolutamente fascinante.
Com uma cor vermelho escuro, opaco, apresentando ligeira tonalidade tijolo nas extremidades, cativa no aroma pelas diversas nuances que vão surgindo à medida que vai abrindo. Rodamos o copo e descobrimos os mirtilos, a amora madura, a framboesa, sequenciado por notas elegantemente fumadas, notas terrosas de cogumelo, trufa, surgindo noutra camada o toque da especiaria apimentada bem evidenciada e o cacau. Na boca, a surpresa é o inexpectável tanino vivo, frescura aliada a um corpo possante sem que o álcool seja impositivo (14,5%). Exótico, surpreendente, completo, ainda pleno de jovialidade, será provavelmente um dos melhores Syrah portugueses, revelando igualmente um trabalho de enologia competentíssimo.

É já uma das melhores surpresas das provas deste ano.