É incontornável que, ao falarmos dos vinhos da Casa do Canto, façamos uma viagem ao passado daquela que é a mais antiga casa agrícola da Bairrada, tendo já sido, também, a maior e a que mais vinho produzia.

Sem registos históricos escritos fidedignos anteriores a 1860, os testemunhos orais transmitiram-se de geração para geração e reportam a sua origem ao século XVII. O apogeu desta abastada Casa ocorre já em pleno século XIX, quando, pela mão de António Rodrigues e seus filhos, a Casa do Canto cresce exponencialmente em área de vinha, chegando a produzir, em 1856, a impressionante quantidade de 4.678 pipas.

Mas se o passado deve ser recordado com respeito e inspiração, é de futuro que a Casa do Canto se quer fazer. Com o projecto de construção de uma nova Adega num dos topos da propriedade e recuperação da casa solarenga para a criação de um hotel de charme, os anos que aí vêm assistirão ao crescimento da área de vinha e surgimento de novos e desafiantes vinhos. A qualidade abunda nesta Casa que António Nogueira e o seu filho André abraçaram com vontade de a tornar o espelho do que já foi num passado longinquo.

Olhando para o CASA DO CANTO GRANDE RESERVA 2015, um DOC Bairrada, elaborado maioritariamente com uvas da casta Baga (80%), o qual se temperou com uma pitada de Touriga Nacional (20%), podemos estar certos que toda a tradição de bem fazer vinho se mantém. É certo que ter uma equipa de enologia de luxo – Osvaldo Amado e Pedro Andrade – também contribui imenso para a criação de vinhos distintos. Com 14,0 % vol., o vinho mostra-se aos nossos olhos em tons de granada profundo, com ligeiros reflexos violeta. O aroma é rico, com evidente presença de fruta madura, predominando a cereja preta, a amora  , cassis, leve floral, evidentes notas quentes e balsâmicas e apontamentos de resina de pinheiro. Na prova de boca, diz claramente ao que vem e, sobretudo, de onde vem. É um puro-sangue da Bairrada, com tanino vincado, sem ser seco ou herbáceo, fresco como o Atlântico, cujos ventos sopram pelas colinas de Ancas, e, claro, aquela acidez que faz parte do ADN dos vinhos da região e os torna longevos como nenhum outro.
12 meses de estágio em barrica de carvalho francês, mais 12 meses de maturação em garrafa, conferiram-lhe uma harmonia sublime, tornando-o um vinho sem arestas. Denso, profundo, preciso e prazeroso, é um vinho para mesas fartas onde a cozinha tradicional da Bairrada é rainha, com o leitão, as iscas, sarrabulho, a chanfana.
Desta colheita foram produzidas 4.000 garrafas e o vinho pode ser encontrado nas melhores garrafeiras a um P.V.P. de 35,00 €.