No fim de semana de 30 de Novembro para 1 de Dezembro, ocorreu em Cantanhede um Congresso centrado na casta Baga, do qual se retiraram algumas conclusões, mas também vários caminhos para o futuro da vitivinicultura da Bairrada. E se, do debate pudemos extrair que a Baga pode ser um factor identitário relevante e fulcral para a região e para a sua expansão, limitarmo-nos a ela pode também ser redutor, colocando em causa todo um enorme património que se construiu ao longo do último século.
Discutir a casta, leva-nos igualmente a falar do passado, recuando até meados do século XIX para constatar que o problema da nossa deriva nunca foi da Baga, mas do pouco conhecimento que dela tínhamos e que nos fez persistir num erro que durou até meados dos anos 80 do século passado.
Aflorar o passado é, contudo, muito importante para percebermos os erros cometidos e a razão de termos perdido um século em que outras regiões vinhateiras floresciam e a Bairrada, não obstante o elevado volume comercial, não singrou em qualidade nos seus vinhos tranquilos de uvas tintas, tendo os brancos uma expressão pouco significativa.
Independentemente de perdermos tempo a discutir a origem da Baga, devemos sobretudo discutir como chega, como se difunde e como se tornou, já no século XX, a uva que compunha 80 a 90% do encepamento da região. Uma luz sobre as razões do seu alastramento surge logo nos sinónimos porque era também conhecida: “Paga Dívidas” e “Carrega Bestas” (continua)…